segunda-feira, 20 de julho de 2020

Uma acompanhante para o professor Karnal

Tenho assistido às palestras do Karnal nestes últimos dias.

Ele falou hoje sobre o delírio da solidão, na qual estamos em um meditativo estado de acreditarmos estar dentro de uma caverna.

Ao falar isso, observei que ele vestia uma bata preta, o fundo da sala era preto, havia uma meia-luz intimista, e ele falava sem interrupção por mais de uma hora.

Essa condição traz uma sensação "autista" para o palestrante, um mundo onde ele fala sem feedback de estar sendo observado em sua linha de raciocínio.

Logo depois, a ovação.

Percebi que a ovação é o estalo que tira o palestrante do transe.

Mas no caso do Karnal, ele responde à perguntas no término. E após a última pergunta, tudo está na mão do mediador, pois há uma sensação terrível de que as pessoas não se levantarão para sair: o tempo fica suspenso, tudo o que ele falou embaralha-se em forma de fórmulas de todos os tipos científicos e linguísticos pela sala, as pessoas interagem com este sentimento, e algumas piscam. Mas afundam, e não conseguem se levantar.

Ele precisa de uma acompanhante, ou um acompanhante,

que ao término,

levante-se,

delicadamente segure firmemente seu braço,

faça uma pergunta

ofereça um lenço,

coloque o outro braço nas costas

e pergunte:

"Podemos ir?"


Erasmo......


Com amor,

Thaís Fernanda Ortiz de Moraes

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