sábado, 2 de maio de 2020

Azul de Presunto, Nando Reis


Onda vira carne

(Do sexo provem a vida)


A gordura do seu nervo é espuma

(Você faz sexo sem emoção, sexo de mentira, e seu nervo não queima a gordura que se aloja em teu corpo,
por causa da falta de sentimento verdadeiro. A gordura vai embora como espuma quando fizer sexo de verdade)


O mar é uma fatia fina

(seu gozo, seu prazer - o mar - é quase nada)


Luz que anula o azul de presunto

(sensação que vale pela verossimilhança do sentimento intenso gerado pela própria morte)


O mar provém do porco o mesmo ronco

(seu prazer provém de algo morto, da mesma forma que a morte vem a ele enquanto vivo)



Em outro tom e voltagem


Será que porco é um polvo rosa

(será que o porco (algo morto) é você (polvo rosa)?



Ou um porco roxo é que é polvo?

(Ou será que você (porco roxo) é que é o polvo (o meu ser idealizado de ti?)




Sou ou não sou
Eu não sei mais lembrar quem eu sou
Sou o que sou
E ninguém vai dizer quem eu sou




Pedra é veia areia no seu corpo corre sal feito sangue

(a pedra se desfaz, conduzindo a areia, assim como as veias conduzem o sangue; no seu corpo, falta-lhe sangue,

sobra-lhe as lágrimas de sal)


Sal é mineral e o Pão de Açucar é uma pedra doce

(coisa boa mesmo é o amor, pedra doce, que você não conhece. Só conhece lágrimas de sal)



Descobre o paladar se frio é quente a vontade mistura

(descoberta pessoal - prefiro-a mais triste ou mais alegre? não sei ao certo)




A realidade é como o ar, é invisível
Impossível de tocar e olhar e provar
A gente apenas sente

Sou ou não sou
Eu não sei mais lembrar quem eu sou
Sou o que sou
E ninguém vai dizer quem eu sou

Mar feito de carne, um presunto azul

(Seu útero, sua vulva, seu sexo - o mar de carne, fria como um presunto. Mas não é roxo, é azul....não deve estar

morta assim!)


E guelras no porco?

(como pode um polvo respirar através de brânquias?)


Pedra é areia e não tem sangue

(agora já são pedra, nada mais humano)


Quem já viu um porco falante?

(agora o porco não tem nada de parecido com o polvo rosa)


Pedra só é pedra, pedra é pedra, pedra antes

(pedra é areia, nada mais humano....)


Será pedra, será pedra
Era pedra era pedra pra sempre

(o porco: em sua corrente sanguínea corre areia)


Diferente de quem é você de ser você cê quer o que?

(Algo além do que você é?)

Se é só você? Sim é!

(simplesmente o que se é)


Sou ou não sou
Eu não sei mais lembrar quem eu sou
Sou o que sou
E ninguém vai dizer quem eu sou



(observações de Thaís Fernanda)


Ainda bem, né meu amor, que fomos felizes na cama, principalmente, como amantes insensatos, apaixonados e imortais no amor carnal!

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