quarta-feira, 25 de julho de 2018

O profeta e a palavra


O profeta dos tempos antigos, fosse ele Judeu, Islâmico ou Budista (na floresta, sobre a árvore), sabia falar para os povos. Ele falava, juntava muitas pessoas, ele caminhava, as pessoas seguiam, então ele se deparava com um abismo, e sobre a pedra do penhasco falava de coisas sobre a sociedade. Em seu ápice, ensinava muitas pessoas que o estavam seguindo para procurar absolvição de seus pecados. Diante disso, tentavam lhe jogar de cima do monte. Mas através da habilidade de suas palavras, ele ensinava a arte do perdão a essas pessoas que tinham problemas umas com as outras, e elas voltavam discutindo sobre soluções para casa. O profeta ficava lá, não se cansava de falar, sentava-se na rocha e observava a paisagem, pensava e aprendia a olhar para trás mais uma vez, lembrando-se sempre de que ele precisava saber ser hábil com as palavras.

Ao lembrar-se disso, pensa no canto do pássaro que pousou perto dele. O pássaro o leva até uma caverna, onde o profeta olha para a parede, reclina no escuro e fecha o olho.

Por amar muito o profeta e precisarem dele, as pessoas sentem sua falta e o procuram. Por saber que ele gosta de cavernas e por haverem apenas algumas na região, o encontram logo. Ele, sabendo que seria procurado, deixou seu manto na entrada da caverna, para encontrarem-no. Não deixou seu cajado, para que pudesse com ele desviar a cobra que o acompanha de perto e que se apropria da escuridão.

Quando o encontram, o criticam por sua displicência e o interrogam. Apesar de sua sabedoria, o profeta não sabe ao certo se estavam com saudades de suas palavras, ou se estavam com medo de ele ter ido ao rei para contar o que sabia sobre o povo e ganhar um título de conselheiro ou quem sabe, um condado.]]

Mas, o verdadeiro profeta sabe utilizar as palavras para falar até mesmo em sua própria defesa. Ele consegue sair da situação dolorosa e ainda ganha um cacho de uvas não-envenenadas.

Eu não serei jamais um profeta porque tenho muitos ressentimentos pessoais e sou muito mesquinha. Quanto à mesquinhez, isso se concerta com o mínimo necessário para a dignidade humana, pois tanto a riqueza quanto a pobreza é responsável por ela. No entanto, para que eu seja bem-sucedida  na administração dos humildes talentos da minha vida simples preciso primeiramente aprender a me expressar com a mesma fluência dos meus pensamentos, seja como o profeta Trigueirinho, como algum economista importante, Pondé ou outro versado. Tem razão Chacrinha, concordo com você. Comunicação é tudo. Mas essa noite não vou dormir no ofício. Banho e naninha!

Besos

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